terça-feira, 8 de abril de 2014

Outono, Tempo da Colheita

Acabou-se o verão e, oficialmente, o Outono chegou!

Como já não dá mais para confiar no calendário oficial, o verão se estica aqui no Planalto Central e continua a chover, por mais improvável que isso seja.

Chuva é bênção! Nenhum cultivo pode ser feito sem água. Se não há chuva, nada cresce porque a vida é feita de água. Podemos até tentar nos enganar e saquear Mãe Terra. Podemos sangrar a terra cavando profundos poços, fazendo a água armazenada no lençol freático jorrar mimetizando abundância. Tudo bem se agirmos no sentido de reabastecer sempre o lençol freático. Mas não é isso que acontece. Temos expulsado sistematicamente a água dos nossos sistemas urbanos e de produção agrícola. Cada vez menos água infiltra no solo reabastecendo os lençóis freáticos que estamos esgotando rapidamente.

Outono é tempo de colheita. Recompensa para o trabalho dedicado desde a primavera com o plantio, cuidado e manejo, chega o tempo de colher o fruto, o grão, a semente que será plantada na próxima primavera.

Mas... e quando chove na época em que já deveria estar seco, como agora? Basta usar guarda-chuva? Não é tão simples assim. O grão de milho ou feijão que secou na espiga ou vagem e estava pronto para ser colhido, com a chuva fora de hora, mofa ou germina. E perde-se a colheita do trabalho de meses. Pois é. Teremos que cobrir todos os plantios com telhados, estufas, plástico?

Por aqui, tempo de colheita de café!
Muitos mitos realçam o papel do Ser Humano como o guardião das estações do ano. Em cada lugar, dependo da altitude, da continentalidade e da latitude, formou-se ao longo dos milênios, na co-evolução com a vida que surgia e se transformava naquele lugar, o clima perfeito para as espécies, a biodiversidade, as comunidades que vivem nesse lugar. O Ser Humano foi participante ativo desse processo ao plantar no tempo certo, colher na melhor hora e assim selecionando ao longo dos milênios as variedades das plantas das quais se alimentava e que eram melhor adaptadas ao seu lugar, às suas práticas de manejo, à cooperação com a fauna e micro-fauna local. Ao manejar ativamente os sistemas de vida para viabilizar sua própria sobrevivência, o Ser Humano se tornou participante indispensável da manutenção do clima de sua região. E é assim que tem sido. E é assim que o outono vem sendo há milênios o momento da colheita, momento da abundância, momento de celebrar a plenitude da vida.

Estamos cumprindo nossa função e cuidando das estações? Chove quando deveria estar seco, não chove quando deveria chover. A umidade se encontra com o frio e o calor se encontra com a seca. Misturas arriscadas para a saúde de quem evoluiu durante milênios sob verão chuvoso e inverno seco.

Ao eliminar as florestas e urbanizar o Planeta, nossa espécie humana está modificando rapidamente o clima, desorganizando as estações do ano e provocando a maior perda de biodiversidade já enfrentada por Gaia desde o desaparecimento dos dinossauros. As florestas são a pele de Mãe Terra. São elas que mantém equilibrado o clima do Planeta. E quanto resta de florestas no nosso Planeta?

As árvores são os únicos seres capazes de nos proteger dos raios poderosos e mortais do Sol dentro de um balanço energético positivo, ou seja, armazenando mais energia (na fotossíntese enquanto crescem) do que gasta. Qualquer outra alternativa artificial (telhados, casas, ar condicionado, protetor solar...) gera um balanço energético negativo no sistema. E não há como pensar em sustentabilidade com um balanço energético negativo. Ademais, nenhuma dessas alternativas será capaz de nos proteger realmente do efeito destruidor dos raios solares. Somente as árvores. E o que estamos fazendo com as árvores? Olhemos ao redor...

Cúrcuma, inhame, gupuruvu
Por isso, na jardinagem agroflorestal sempre se planta sementes e mudas de árvores junto com as ornamentais, grãos, flores, ervas. As árvores são indispensáveis na jardinagem agroflorestal. Árvores grandes, médias e pequenas, todas são podadas periodicamente fornecendo a biomassa necessária para alimentar os bichinhos que dão fertilidade ao solo.

E ainda tenho ajuda. Vejam só essa linda borboleta que enfeita meu jardim. Não só para polinizar as folhas ela vive. Mas também para fazer a poda no início do outono. Aqui, peguei-a em pleno flagra, colocando ovinhos nas folhas da dama da noite. Parindo minhas ajudantes. Gratidão!